De frontal na mochila, três porquinhos rumam à Illa de Arousa, o NME preparava-se para a prova noturna do Galicia Máxica. Os atletas foram chegando ao destino, apesar do meu porquinho enganar-se constantemente no caminho. Tudo estava certo até ao momento em que Fran diz “llevan toda la ropa que tienen”, “Frannnn, TODA!!!!!!!!!”. “Si, toda.” Mineiros em sentido…
Hora de reunir atletas, uns saíram da pizaria rumo ao café, pan de millo, onde me serviram, à Carla e Cristina, umas sandes do tamanho do griso que se fazia sentir no exterior. Os últimos atletas entretanto chegaram e fecharam o círculo.
Chegou o momento de ganhar coragem, sair do café das sandes gigantes, vestir e preparar para a prova. Grande momento de criatividade, os “traileiros” tentavam de tudo para dissipar o frio…. saltos, skippings, socos, aconchegar corpos, palmas, cantar os parabéns enquanto se arranjava uma lista de aniversariantes…. até que….. o Fofoni se lembrou da sardinha do par de dedos. Experimentei, e confesso que resulta, a dor é tão grande que não se pensa em mais nada.
O cérebro gelou e nem percebi se foi contagem decrescente, tiro ou grito….. tardou, mas começamos a partir gelo. O frio foi desaparecendo à medida que fomos contemplando o esplendor da corrida noturna, com mais de 300 cores a refletir as luzes dos frontais mais o laranja aconchegante da lua. A ilha ofereceu-nos o cheiro da praia, as rochas, a areia, o passadiço, o som das ondas suaves, os barquinhos. Só dispensava as algas que me fizeram malhar.
A meta aguardava-nos com um abraço do Moutinho e um divino chocolate de aquecer a alma…. por meio minuto. A boa disposição foi aumentando à medida que íamos re-reagrupando e aglomerando os diferentes tesouros da volta à ilha.
Penso que foi uma prova bem organizada e diferente (pouco desnível, ilha, noite….. frio descomunal), mas fica um amargo por a noite ter escondido uma ilha que parece ter muito mais do que o pouco que vimos. O “sheer of joy” no título do texto, não aparece por acaso, penso que a boa disposição coletiva derreteu a sensação de “o que é que vim fazer para Espanha. Estava tão bem em casa. Quem teve a ideia de correr no polo norte?”. Ficam algumas lições, constipações e um anseio por mais sheeeeeeeeer of joy.

Texto: Tiago Costa

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