NOMES VULGARES (POPULARES)
Salamandra-de-pintas-amarelas, salamandra, saramela, saramaganta

MORFOLOGIA
Salamandra de tamanho médio com um cumprimento, por norma, entre 14 e 17 cm. Tem uma cabeça grande, aplanada e de contorno arredondado, e uns olhos relativamente proeminentes localizados na posição lateral. O corpo é robusto, com sulcos nos flancos e uma fileira de poros glandulares em cada lado da linha média vertebral. A cauda é de secção transversal redonda e ovalada. Os membros são também robustos, com quatro dedos nas patas anteriores e cinco nas posteriores. A pele é lisa e brilhante, sendo que a coloração dorsal é negra com manchas amarelas em número variável, o que dá origem ao nome vulgarmente utilizado para esta espécie, salamandra-de-pintas-amarelas. Em alguns casos, esta coloração amarela pode, no entanto, dominar sobre o negro. Na região dorsal da cabeça e corpo podem também existir pontuações vermelhas.
O dimorfismo sexual nesta espécie é pouco marcado. Apenas durante o período de reprodução, os machos apresentam a cloaca mais volumosa e o corpo mais delgado do que as fêmeas. Já as fêmeas podem atingir maiores dimensões e, quando grávidas, apresentam a região posterior do corpo muito volumosa.

ESPÉCIES SIMILARES
Distingue-se facilmente das restantes salamandras pela sua coloração preta com vivas manchas amarelas.

COMPORTAMENTO
Os adultos apresentam hábitos noturnos, sedentários e totalmente terrestres, procurando meios aquáticos apenas para se reproduzir. A sua atividade anual está concentrada nos períodos mais húmidos, normalmente entre setembro e maio, que corresponde também à época de reprodução. Esta espécie de salamandras apresenta uma locomoção lenta.
O principal mecanismo de defesa consiste nas secreções tóxicas das suas glândulas cutâneas, nomeadamente das suas grandes glândulas parótidas. A elevada toxicidade desta salamandra é “sinalizada” aos predadores pela sua coloração, com manchas amarelo vivo sobre fundo preto. Por vezes, podem adotar uma posição de defesa que consiste em baixar a cabeça e arquear o corpo, tornando evidentes as suas glândulas parótidas e coloração. Devido a este mecanismo de defesa, não devemos manusear salamandras ou, se o fizermos, deveremos lavar as mãos após o manuseamento, já que poderemos fazer uma reação se em contacto, por exemplo, com os nossos olhos.

ALIMENTAÇÃO
As salamandras adultas alimentam-se de invertebrados terrestres, nomeadamente, escaravelhos, formigas, caracóis, lesmas, minhocas, centopeias e aranhas.

HABITAT
É comum ver-se salamandras onde há muitas árvores, visto que a salamandra gosta de usar pedras, folhas caídas, troncos de árvores apodrecidas cobertos de musgo, para se esconder. Em noites de chuva, é muito provável ver-se as salamandras adultas a atravessar lentamente o campo, os caminhos ou as estradas durante a migração para os locais de postura de larvas. Normalmente, os animais têm tendência a permanecer no mesmo local por vários anos.

DISTRIBUIÇÃO
A salamandra tem uma distribuição muito generalizada pela Península Ibérica e pela Europa, onde ocorrem várias subespécies.
No caso da Salamandra salamandra crespoi está precisamente restrita ao Sudoeste de Portugal, desde Alcoutim, pelas serranias algarvias, norteando pelo sector do Alentejo Litoral até ao estuário do Sado, havendo para além disso um pequeno núcleo na serra da Arrábida/Sesimbra.

Distribuição da Salamandra salamandra em Portugal

CONSERVAÇÃO
As populações mais vulneráveis parecem ser as do Sul do país, onde a espécie é menos abundante e está mais sujeita a dois fatores de ameaça principais: a destruição do seu habitat, que poderá eventualmente ter causado a sua aparente extinção nas planícies agrícolas do Baixo Alentejo, e a introdução de predadores em meio aquático, onde habitualmente se reproduzem.

MITOS ASSOCIADOS
Pode-se considerar a salamandra-de-pintas-amarelas como sendo um animal comum, no entanto continua a ser ocasionalmente morto por ser considerado um animal “peçonhento”/”venenoso”, devido a superstições tais como dar azar a quem se cruza no seu caminho.
As superstições e mitos associados a este animal são de facto já antigas. No século I D.C., o historiador Romano Plínio escreveu que a salamandra é tão fria que extingue o fogo quando entra em contacto com este, expelindo também um líquido da boca que, tocando na pele humana, causa a queda de pelos. A explicação de tal muto pode advir de alguém ter visto uma salamandra a surgir de um tronco durante um fogo florestal ou a escapar das chamas de uma lareira acesa, já que como foi dito, estes animais ocasionalmente se abrigam em troncos húmidos.
Outro mito, escrito no livro “Enciclopédia de Superstições, Folclore e Ciências Ocultas”, diz que se alguém tiver a coragem de lamber três vezes o ventre de uma salamandra, da cabeça à cauda, tornar-se-á resistente ao fogo e pode curar queimaduras em outras pessoas. Seria muito bem que assim fosse, no entanto, relembramos que a secreção cutânea produzida por estes animais é irritante para os olhos e quando ingerida, pode provocar má disposição e alucinações. De qualquer forma, a coloração invulgar deste animal com manchas amarelas, que também poderá ter contribuído para as superstições, serve de aviso de que não é boa ideia ingeri-la.

Fontes:
LifeCharcos (https://lifecharcos.lpn.pt/vertebrados.php?id=40)
Loureiro, A. Ferrand de Almeida,N. Carretero, M.A. e Paulo, O.S. (eds.) (2008) Atlas dos Anfíbios e Répteis de Portugal. 1ª edição, Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade, Lisboa, 257 pp.
Revista Visão (http://visao.sapo.pt/ambiente/opiniaoverde/brunopinto/a-salamandra-de-pintas-amarelas=f651247)

Texto: Iolanda Rocha
Fotografia: Fernando Santos

2 comentários

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